Antropofagia e controle do imaginário
Abstract
Em 1928, Oswald de Andrade, na condição de porta-voz da
vanguarda, publicou seu Manifesto antropófago. Reagindo contra o fraseado
contínuo, que em seu caso poderia ser interpretado como imitação
da lógica verbosa, Oswald escolheu para seu manifesto o que poderíamos
chamar uma lógica de instantâneos-o desenvolvimento das idéias por
frases curtas e rápidas, fragmentárias e multidirecionais.
Associando agudeza e humor, o Manifesto antropófago tem
como base uma questão existencial: a de ajustar a experiência brasileira
da vida com a tradição que herdamos. O problema era como
alcançá-lo. Provavelmente, a questão encontra sua melhor formulação
na glosa tropical da frase shakespereana.