LITERATURA DE TRÂNSITO E TRANSFORMAÇÕES DA PERCEPÇÃO
Resumo
As diferentes modalidades da literatura de trânsito (literatura de viagem, literatura pós-colonial, literatura de fluxos migratórios nacionais ou internacionais ou literaturas transnacionais) encenam contatos com alteridade. Esses encontros podem ocorrer com outras configurações culturais, mas também podem ser experiências dentro do próprio contexto de socialização. Em ambos os casos, há um deslocamento que propicia encontros, nos quais as redes de sentido interagem. Nessa interação, destaca-se a forma da condução do olhar para o mundo. O indivíduo pode buscar a manutenção de suas redes primárias de sentido, sua revisão ou mesmo uma confluência, em que os sentidos alheios são reciprocamente absorvidos. Implícita às diferentes formas de trânsito, portanto, encontra-se sempre uma atitude diante da diferença com a qual o indivíduo se depara. Essa atitude remete a estratégias de administração do sentido que se diferenciam conforme a narrativa pessoal e a visão de mundo dos sujeitos que participam da interação. Nessa esteira, este artigo deseja discutir a emergência de percursos da percepção na literatura de trânsito e, na sequência, analisar sua representação nos romances Europastraße 5 (‘Rodovia Europa 5’), de Güney Dal e Die juristische Unschärfe einer Ehe (‘A indeterminação jurídica do matrimônio”) de Olga Grjasnowa.