COMO CONTAR 80 TIROS? A QUESTÃO DO PRIMEIRO DISPARO, SEGUNDO CLARICE LISPECTOR

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Palavras-chave:

80 tiros;, violência policial;, Clarice Lispector;, Jusliteratura

Resumo

Como contar a violência? Em 2019, membros das Forças Armadas desferiram mais de oitenta tiros contra uma família da zona oeste do Rio de Janeiro, assassinando Evaldo Rosa e Luciano Macedo. Para dar conta de mais outro episódio de violência policial, muitos intérpretes buscaram na crônica “Mineirinho”, de Clarice Lispector, uma maneira de se fazer da “contagem” dos disparos uma “contação” da história da necropolítica brasileira. No presente artigo, seguiremos nesse esteio, propondo uma leitura “jusliterária” do caso. O texto de Clarice servirá como ponto de partida de uma breve análise das mudanças na dinâmica da violência policial no Rio de Janeiro, desde o caso Mineirinho até a morte de Evaldo. Vamos enfatizar a perspectiva clariciana de justiça, isto é, o modo como a autora contradisse a emergente “sensibilidade jurídica” da sociedade brasileira, que passava a ser demarcada pela dicotomia “eu” versus “outro”, pela oposição “trabalhador” versus “bandido”. Buscando aprofundar essa perspectiva alternativa de justiça, nos aprofundaremos na questão do primeiro disparo pois, se o bandido Mineirinho morreu, de acordo com Clarice, com “treze balas quando uma só bastava”, Evaldo não merecia ser alvejado com uma bala sequer. 

Biografia do Autor

Vitor Hermann, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG

Doutor em Estudos Literários pela Faculdade de Letras, UFMG

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Publicado

2024-07-10

Como Citar

Hermann, V. (2024). COMO CONTAR 80 TIROS? A QUESTÃO DO PRIMEIRO DISPARO, SEGUNDO CLARICE LISPECTOR. Revista Brasileira De Literatura Comparada, 25(48), 215–230. Recuperado de https://rblc.com.br/index.php/rblc/article/view/708

Edição

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VARIA